domingo, 11 de setembro de 2011

Abordagem do homem nas organizações tradicionais e modernas


Espero que esteja tudo bem contigo!

Proponho hoje um breve relato com base em teorias para entender e estimular questionamentos da relação Fator Humano X Organização. Vamos lá?


1º. Organizações Tradicionais...

O homem de acordo com a Teoria Tradicional é estimulado a trabalhar pelo salário, no qual garante sua sobrevivência. Desenvolve-se o seu potencial máximo de acordo com as recompensas e prêmios que recebe. É o “homo economicus”. Após esta caracterização, surge na Teoria da Burocracia o “homem organizacional”, reage como ocupante de cargo de maneira isolada, agindo através de incentivo material e salarial pela busca da eficiência. Nessa teoria as pessoas são apenas detentores de funções, ou seja, as pessoas são passageiras e os cargos são permanentes na organização. A Teoria das Relações Humanas surge em oposição a essas definições, o “homo social” considera os trabalhadores como seres sociais que alcançam suas satisfações por meio dos grupos com quais interagem (STEWART, 1998).

Na Teoria Estruturalista surge novamente o “homem organizacional” sendo aquele que desempenha papéis em diferentes organizações e que precisa possuir flexibilidade para acompanhar as mudanças, tolerância às frustrações para suportar os conflitos e permanente desejo de realização, bem diferente do “homem organizacional” de Weber, basicamente impessoal. Na Teoria dos Sistemas é dada ênfase ao ambiente, aparece o “homem funcional”, onde o indivíduo tem um papel essencial dentro das organizações, inter-relacionando-se com outros indivíduos como um sistema aberto. A Teoria Comportamental mostra que o homem procura apenas a maneira satisfatória e não a melhor maneira de fazer um trabalho; não procura o lucro máximo, mas o lucro adequado; não o preço ótimo, mas o preço razoável; é o “homem administrativo” (STEWART, 1998).

A organização de acordo com a evolução da Teoria Organizacional é baseada na concepção de que as variáveis internas são determinantes do seu sucesso. Ocorre que os modelos organizacionais tradicionais geravam fortes resistências à inovação, devido serem pesados e lentos. Foi necessário uma evolução nas teorias administrativas, que conduzisse no que se refere às mudanças, para conseguir antepor um modelo aberto, mais ágil e flexível, e conceber uma organização verdadeiramente moderna.

A este respeito, Matos (1980, p.11), afirma:

“A busca da eficácia das organizações vem sendo hoje, preocupação dominante não só para empresários e administradores, como também para filósofos, cientistas, políticos e para todos os que se preocupam com melhores condições de vida para a sociedade. A grande organização tornou-se o ponto central de referência no contexto social contemporâneo. Sua atuação e influência traduzem-se num complexo e dinâmico mecanismo do qual resultam trabalho, utilidade e bem-estar. Todavia, a exigência de bons serviços, com frequência, é obscurecida pela complexidade estrutural, pelo excesso de formalidades e pelo comportamento estereotipado, fruto das distorções da organização burocrática”.


2º. Organizações Modernas...

Segundo Nadler (1995), o processo de elaboração do projeto organizacional deve considerar duas perspectivas:

a)    desempenho, que se preocupa com a maneira de realização dos trabalhos e parte do pressuposto que são meros mecanismos econômicos para realizar o trabalho e atingir objetivos que não poderiam ser atingidos por indivíduos isoladamente;
b)    social-cultural, que se preocupa com o indivíduo e parte do pressuposto que as organizações existem para satisfazer as necessidades individuais e coletivas.

Para criar organizações orientadas para o trabalho e à satisfação das pessoas é necessário combinar as duas perspectivas, ambas são essenciais para estruturação do perfil da organização moderna (NADLER, 1995).

É essencial entender o ser humano no ambiente de trabalho, apreendendo o sentido que dá à sua vida. As atenções da organização estão voltadas a pontos primordiais como a preocupação com os aspectos econômicos e com a eficácia (NADLER, 1995).

Chanlat (1993) observou à ausência de uma linha diretiva, pois julgava que as pesquisas sobre o homem na organização eram dispersas. Há, nas empresas, uma alta sofisticação nas atividades, mas longe dos interesses das pessoas, porque há uma aceitação incondicional dos modelos das ciências exatas. Há uma preocupação com rentabilidade, eficácia da organização que absorve todas as atenções. Nesta situação, o homem é considerado como uma simples engrenagem ou recurso para se atingir essa eficácia. Este enquadramento do homem conduz a sofrimentos (desvalorização do ser humano) no ambiente de trabalho, permitindo imensuráveis desperdícios econômicos, contrariando e própria eficácia organizacional.

Verificou-se que as ciências humanas, bem como as do comportamento organizacional, através do relatório da Fundação Ford, têm sido submetidas às leis da divisão intelectual do trabalho, acarretando uma imagem fragmentada do ser humano, conduzindo vários pesquisadores ao reducionismo, ao imperialismo biológico, psicológico ou sociológico e, no campo organizacional, ocultando grande número de dimensões humanas. Com isso, o comportamento organizacional desenvolveu-se para melhorar a produtividade não desenvolveu uma concepção do ser humano como indivíduo (CHANLAT, 1993).

Segundo Chanlat (1993, p. 26-27), afirma que o ser humano é muito mais complexo.

“[...] é preciso restituir sua unidade e suas dimensões esquecidas, através de uma antropologia da organização, para reagrupar o conjunto de conhecimentos existentes sobre o ser humano, propondo deslocar o objeto de estudo sobre o fator humano a partir dos conhecimentos desenvolvidos, colocando em cena as relações com o meio ambiente que interagem com a organização”.

Chanlat (1993) enfatiza que o homem é um ser de desejo, de pulsão e de relação, através da qual vê seu desejo e sua existência reconhecidos ou não. A realidade social transforma-se em suporte da realidade psíquica. É através do outro (modelo, objeto, sustentação ou adversário) que ele se constitui se reconhece. Todo ser humano está inserido no espaço e no tempo, dimensões inseparáveis.


Estou à disposição para trocar ideias.


Forte abraço e boa semana!

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